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Por que falar de infâncias no plural

25/03/2020
Institucional
Em vez de falar de infância, as Unidades Sociais Maristas tratam das infâncias, no plural.

​​​​​Em vez de falar de infância, as Unidades Sociais Maristas tratam das infâncias, no plural. Isso porque acreditamos que todo indivíduo é único, independentemente dos anos vividos. Logo, cada um deve ser respeitado e valorizado de acordo com suas singularidades. Continue a leitura para saber mais sobre esse posicionamento da Rede Marista.  

O direito de se viver a(s) infân​​cia(s)

A Organização das Nações Unidas divulgou, em 1959, uma declaração com 10 direitos das crianças. O documento preconizava que todo jovem teria direito a um nome e uma nacionalidade, a alimentação, a educação, a recreação e a amor.

Anos mais tarde, em 1989, esses ideais foram ratificados na Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança. O texto resultante foi assinado por 140 países.

Olhando em retrospecto, tais movimentos foram determinantes para as crianças serem vistas e tratadas como indivíduos. Os acordos internacionais inspiraram, por exemplo, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), lei brasileira que dispõe sobre a proteção integral dos menores de idade. Ao longo do século 20, o poder público passou a considerar as especificidades desses cidadãos – que, por ainda estarem em formação, demandam uma atenção especial.

Porém, a história não termina aí. Se, do ponto de vista legal, o amparo à infância parece estar garantido, as práticas ainda revelam um aprendizado constante.

O ECA define criança como qualquer pessoa entre zero e 12 anos de idade. Trata-se de uma classificação abrangente demais. Dentro dessa fase, existem diferentes infâncias que precisam ser trabalhadas, cada qual a sua maneira.

Para o estudioso Jean Piaget, a estruturação do pensamento se divide em quatro etapas: período sensório-motor (0 a 2 anos), pré-operatório (2 a 6/7 anos), operatório-concreto (7 a 11/12 anos) e operatório formal (a partir de 12 anos). Já na concepção teórica de Lev Vygotsky e Henri Wallon, as dimensões afetiva e sociocultural são essenciais para se compreender o desenvolvimento infantil. Tem, ainda, as questões de classe social, pertença étnica e religião, dentre outros elementos capazes de moldar a identidade de uma criança.

Ou seja: quando falamos sobre elas, estamos nos referindo a um universo complexo e vasto. As crianças compreendem o mundo de um jeito bastante próprio, muitas vezes utilizando a fantasia para interpretar a realidade. Elas experimentam, brincam, questionam, conversam, riem, tocam, choram, inventam e aprendem. São, portanto, protagonistas da própria história. E, como as experiências nunca se mostram iguais umas às outras, cada história também segue um rumo diferente.​

Infâncias: os oito princíp​​​ios da Rede Marista

A Rede Marista reconhece a pluralidade das infâncias. Por isso, adotamos oito princípios norteadores nos planos pedagógicos dos nossos Centros Sociais, Colégios e Escolas Sociais. Quando desenvolvemos atividades voltadas às crianças, sempre levamos em conta esses pontos. São eles:

  1. Reconhecer a criança como plural e construtora de cultura – As infâncias são construídas a partir da descoberta. Dependendo do espaço onde um jovem viva, suas referências culturais irão mudar. Consequentemente, sua visão de mundo será única.

  2. Dialogar com a criança – Os adultos devem entender que não detêm toda a verdade. Eles apenas enxergam a vida sob uma ótica diferente. Quando uma criança fala, ela expõe seus medos, seus anseios e sua visão de mundo. É preciso conversar com elas para que sejam participantes ativos do processo de aprendizagem.

  3. Proporcionar espaços de partilha e convivência – Tendo como base o diálogo, a pedagogia marista possibilita o confronto de diversas perspectivas. Isso instiga a curiosidade e contribui para a constituição de subjetividades mais ricas.

  4. Celebrar a diversidade – Deve-se enaltecer a oportunidade de convívio com a diferença. Colegas de várias etnias, estratos econômicos ou configurações familiares formam uma turma na qual impera a aceitação mútua. Assim, eles saberão cooperar com todo tipo de gente.

  5. Promover e defender os direitos das crianças – Os princípios debatidos pela ONU constam na Constituição Federal de 1988 e no ECA. A Rede Marista investe na consolidação de políticas que protejam a criança integralmente, garantindo seu acesso à escola, à brincadeira e ao afeto.

  6. Fomentar o protagonismo e a participação infantil – A criança é capaz de se expressar, mesmo que em uma linguagem mais simples e lúdica. Portanto, ela pode conduzir processos individuais e grupais nos ambientes educativos. Isso colabora para elevar a autonomia do indivíduo.

  7. Reconhecer a criança como lugar teológico – Deus se revela através das crianças. Elas, Suas filhas amadas, merecem atenção e cuidado. São agentes fundamentais na propagação de valores cristãos.

  8. Valorizar o tempo e o espaço do brincar – É na brincadeira que uma criança imagina situações e experimenta caminhos possíveis. Pode-se pensar nos jogos como um ensaio para a vida em sociedade: há os momentos de negociar, de aguardar a vez, de adquirir habilidades. Em resumo, brincar é preparar-se para o mundo.


E você, já pensou sobre a pluralidade das infâncias? Como você estimula as crianças ao seu redor? Conte-nos sua história! Envie um e-mail para [email protected] e deixe um comentário.